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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A Igreja Nossa Senhora do Rosário, um patrimônio do Bairro Nereu Ramos

A antiga localidade de Torcida/Retorcida tem uma história de mais de 100 anos, as quais tem ligação direta com a história e a memória da presença da Igreja Católica, em Jaraguá do Sul (SC).
Por volta de 1938 foi inaugurada com a presença do Sr Nereu Ramos, Interventor Federal, a Estação de Trem Ferroviário, na localidade já conhecida por Retorcida - uma referência ao Rio Itapocu que tinha diversas curvas - a qual passou a ser designada de Nereu Ramos, para sinalizar a presença histórica desta autoridade.
À margem esquerda do Rio Itapocu, por volta de 1907, os colonizadores fundaram a capela Santo Antonio de Pádua. Na época, a colonização foi marcada pela presença desse grupo étnico luso (portugueses), fato reconhecido pela Diocece de Curitiba (PR) , que registrava a presença de 24 cidadãos dessa origem, naquela comunidade e arredores, na data de fundação daquela igreja. Santo Antonio é um santo nascido em território português.
Nessa época, a comunidade de Santo Antonio e Torcida/Retorcida, contava com os serviços do Professor Tepassé - imigrante alemão, apesar de origem francesa - que foi contratado para os serviços de regência de classe, pois era praticante da fé Católica e de formação estrangeira, o que vinha de encontro da necessidade da comunidade. Esse educador lecionava em uma modesta edificação, na cabeceira da atual ponte de concreto, do lado que hoje, se constitui o bairro de Nereu Ramos, dominio das terras da Princesa Isabel.
Portanto, há uma lacuna na história de Nereu Ramos, a qual requer pesquisas mais apuradas, em relação ao período, que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, pois não há elementos evidentes de notoriedade dos traços dessa colonização. Mas, é significativo sinalizar, que no fim da Primeira Guerra Mundial já era inaugurada a primeira igreja no moro, próximo a família Voltolini, por volta de 1918, um ano após a inauguração da Capela Santa Emília, atual Paróquia São sebastião (Jaraguá Centro).
A Igreja Católica do Morro, era uma belíssima edificação e tinha ao lado um cemitério, o qual enriquecia a paisagem cultural do entorno, orgulho para os colonizadores italianos, em sua maioria. Vale também ressaltar que, por volta de 1910, a estrada de ferro estava com o seu traçado pronto e construído, onde ela ainda se encontra, no atual bairro de Nereu Ramos. Todavia, o ramal ferroviário não passava, ao lado das instituição cultural e religiosa, a igreja e o cemitério, na época, uma atrativa para a vida em comunidade.
De fato, a Igreja Católica foi edificada bem distante, da localização do prédio da Estação de Trem, o que significa que a vida social e cultural ganhou destaque, no entorno da Estação do Trem, só a partir da instalação da Subagência dos Correios - órgão Federal - no inicio dos anos 30, na casa da família Carsten/Piazera( Amábilis).
Em 09 de março de 1909, na localidade de Ribeirão Cavalo foi fundada uma Sociedade Escolar Católica, por diversas famílias de origem étnica italianas. A fundação desta importante instituição mostra que, ao redor do atual bairro de Nereu Ramos desenvolveu-se o processo de colonização.
E, finalmente, no decorrer dos anos 40, sob o comando do Padre Antonio - um religioso e imigrante alemão - a Igreja Católica, do Morro da família Voltolini foi transferida a sede, quando uma nova igreja foi edificada, bem próxima à Estação do Trem, cujo prédio veremos as imagens à seguir.
O ato, na época, já foi um agravo, um atentado ao Patrimônio Histórico - o primeiro "pecado patrimonial" - de Jaraguá, visto que, Getúlio Vargas já havia implantado no auge do regime do Estado Novo, em 1937, a primeira lei de proteção, preservação e conservação de bens históricos. Mas, os agentes de Vargas não fiscalizavam o Patrimônio Histórico, no país, pois os mesmos preferiam invadir as casas da população remanescente européia, de origem do antigo Império Áustro Húngaro (Norte da Itália), sob suspeita de serem inimigos da Pátria, por falar dialeto de origem latino, ou revelarem feições pela cultura italiana.
Portanto, o Governo Federal, o Governo Estadual e a autoridade local (prefeito nomeado), não contavam com um programa de planejamento estratégico, para oferecer a universalização do ensino e o acesso à cultura. Os agentes fiscalizadores da Era Vargas limitavam-se covardemente, a perseguir a população remanescente de italianos, o que evidência um período negro na história de nosso país, em Nereu Ramos.
Imagem por mim realizada em 09 de setembro de 2008, logo após o período de restauro da edificação.
Estas duas imagens revelam os contrastes da história das edificações das igrejas, que contribuíram ao logo dos anos, para formação cultural do povo de Nereu Ramos, tanto para os pioneiros e os migrantes, atualmente. As imagens foram requisitadas, no Arquivo Histórico Municipal "Eugênio Victor Schmöckel", instituição guardiã da história e da memória (documentação) de Jaraguá do Sul.

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